Da autora de O som do rugido da onça — vencedor do prêmio Jabuti —, um romance aterrador sobre as consequências perversas da intolerância e da doutrinação religiosa.
Um crime choca os moradores de uma pequena cidade no interior do Brasil: uma mulher é queimada viva, em um ritual motivado por razões religiosas, a fim de purificar a vítima e endireitá-la para o “caminho do bem”. A violência parece ter se tornado parte da paisagem: desde que uma comunidade evangélica se instalou na região, episódios do tipo se tornaram cada vez mais comuns. Cabe então ao leitor juntar fragmentos, seguir as pistas e acompanhar os rastros de uma mulher que tenta organizar a narrativa desse trágico acontecimento — enquanto ela mesma tenta lidar com seus próprios traumas e a ausência de um grande amigo.
Em Caminhando com os mortos, a premiada escritora Micheliny Verunschk constrói um romance inovador e assustadoramente atual, que demonstra como o ódio às mulheres e às minorias atravessa os séculos, sobretudo quando se vale do fanatismo religioso.
“Micheliny Verunschk vai longe e mergulha na história da colonização das Américas através de uma experiência pessoalíssima e terrível de como as religiões foram um braço forte de um projeto que ajudou a destruir um povo e seus costumes, sua terra, sua alegria de viver, sua relação com o divino.” — Natalia Borges Polesso
“Quem chega nas regiões em que tudo é ausência? O que fazem quando ocupam todo o espaço? Caminhando com os mortos é sobre o fogo capaz de queimar Celeste em Tapuio, outras mulheres no Brasil e tantas bruxas ao longo da história da humanidade.” — Manuela d’Ávila
“Como o trágico se constrói através de uma teia de violências, mais ou menos silenciosas? Cumprindo um dos papéis mais fortes da boa ficção, provocando tensões com o real em sua potência imaginária, Micheliny Verunschk nos leva pela mão e pela linguagem ao interior de um Brasil pouco visível, onde habita a fera que pode, também, devorar seu caçador. Se em seu premiado livro era a onça quem rugia, neste há um imenso silêncio. Assombrado.” — Bianca Ramoneda