A pessoa que vai mudar a sua vida pode estar nos lugares mais inusitados, inclusive nas páginas de um livro. Clara lê Proust, de Stéphane Carlier, é uma verdadeira declaração de amor ao poder dos livros e da arte.
“Ao ler aquelas páginas, ocorreu algo um pouco mágico que, pela primeira vez, deixou-a pensando que os livros podiam ser melhores que a vida.”
Os dias passam devagar na Cindy Coiffure. Localizado numa ruela de uma cidadezinha em Saône-et-Loire, na França, o salão sobrevive graças a uma clientela cativa com média de idade perto dos setenta anos e a uma rotina inescapável.
O lugar é administrado pela sra. Habib, uma mulher melancólica que sente saudades de sua juventude em Paris e acredita piamente que o problema do salão é o nome velho e datado. Todos os dias o lugar recebe a visita de Lorraine, dona do bar-tabacaria da esquina que sempre aparece segurando dois cafés e contando os dias para as próximas férias. Na Cindy Coiffure trabalham Nolwenn, com a expressão sempre neutra, exceto quando vê algum vídeo divertido no celular; Patrick, que trabalha apenas aos sábados e nos feriados, cuja vida de divorciado com filho não é nada fácil, mas que encontra prazer em desenhar mangás e ouvir heavy metal.
E há Clara. Seus dias no salão são sempre iguais, ela tem um namorado tão bonito que parece um príncipe da Disney — Flynn Rider, no caso — e um gato que não se deixa acariciar. Ela se sente cada vez mais distante da própria vida, entediada com a rotina, até o dia em que é apresentada ao homem que vai mudar a sua vida: Marcel Proust.
Delicada, irônica e cativante, Clara lê Proust é uma história de libertação pessoal e uma grandiosa homenagem ao poder transformador dos livros.