Publicada originalmente em 1987 e inédita no Brasil, Diatribe de amor contra um homem sentado é a única peça escrita por Gabriel García Márquez. É o relato íntimo e sincero de uma mulher prestes a completar 25 anos de casada.
“Nada se parece tanto com o inferno como um casamento feliz!”
Assim começa Graciela Jaraiz de la Vera – esposa de um homem acomodado, neto de um marquês – às vésperas das bodas de prata de seu casamento. Assim começa seu monólogo, seu diálogo frustrado sobre a felicidade pública e a infelicidade íntima, sobre o paralelo entre a ascensão social e o crescimento do desgosto. Graciela se dirige ao marido, mas ele nada diz, limita-se a ficar sentado de terno escuro na poltrona lendo o jornal. Na verdade, de acordo com García Márquez, trata-se de um manequim, um objeto sobre o qual ela projeta o desencanto de uma vida marcada pela perda: da confiança nele, do respeito por ele, do valor de seus sentimentos por ele. Tudo para descobrir que, apesar de seus rancores, ela não consegue deixar de amá-lo.
Inédito no Brasil, Diatribe de amor contra um homem sentado é um monólogo em um ato para uma única atriz, a única peça escrita por Gabriel García Márquez. Encenada pela primeira vez em Buenos Aires, em 1988, no IV Festival Ibero-Americano de Teatro, este livro é um texto curto, mas de inigualável profundidade. União do trágico e do satírico, ele é a reconstrução de uma vida a dois, o retrato de uma mulher prisioneira de um amor que sabe não ter como compartilhar.
“O certo é que a felicidade não é como dizem, que só dura um instante, e a gente só fica sabendo que teve quando ela já se acabou. A verdade é que ela dura enquanto dura o amor, porque com amor até morrer é bom.”
“Um autêntico original de García Márquez, poético, sentencioso, transbordando prazeres terrenos.” - El País