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O horizonte mora em um dia cinza

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Retirou o avental jeans do cabide próximo à pia e, segurando as alças, passou-o pela cabeça. Em seguida, amarrou-o na cintura com um laço firme. Bateu com as palmas das mãos sobre o tecido azul-claro, e uma fina camada de trigo voou pela cozinha escura, iluminada tão somente por uma parca luz amarelada.


Num dos cantos que a luz não alcançava, ela se debruçou sobre a mesa de madeira e escondeu o rosto nos antebraços magros. Seu corpo tremia pela violência dos soluços que escapavam de seu peito. Não queria acreditar que isso estava realmente acontecendo. Maior que sua incredulidade, porém, era a força de seu pranto. Era incontrolável.


Havia passado o dia inteiro simulando força e achou que poderia suportar aquela enxurrada por mais alguns instantes, mas era impossível contê-la naquela madrugada. Não havia barragens firmes o suficiente para aguentar o temporal que caía de seus olhos castanhos. A chuva torrencial que lavava o mundo lá fora tampouco ajudava a enfrentar o sentimento de nostalgia misturado com a vontade de ir embora daquela fazenda em Daegu.


— Uma vez ouvi minha avó dizer que uma refeição pode mudar o destino de alguém — disse uma voz calma. — Eu tinha uns doze anos na época e achei um tremendo exagero, mas com o tempo entendi que ela estava certa.


Em frente à bancada desgastada, ele vasculhou com olhos ágeis o armário, pensando qual compartimento abriria para achar os ingredientes de que precisava.


— E o que… — a garota no escuro ergueu lentamente a cabeça e um soluço alto cortou sua voz rouca — … ela quis dizer com isso?


Mais um tremor sacudiu seu peito, conforme o encarava enquanto ele abria a porta do armário acima da pia. Ouviu o ran‑
gido do móvel de dobradiças enferrujadas.


— Que destino significa a direção que devemos seguir, mesmo que essa direção resulte em alguma dose de sofrimento. Que, embora o céu pareça cinzento, se tivermos um pouco de pão e água, seremos capazes de atravessar longos desertos e enxergar, pela fé, o horizonte que nos aguarda lá na frente. Para minha avó, desistir não era bem uma opção. Mas parar para descansar e comer um pouco, sim, sempre foi a melhor alternativa. Deu para entender?


Um sorrisinho frouxo desabrochou em seu semblante ao falar tudo isso de costas para sua visitante. Então, pegou um pacote de macarrão de batata-doce e, tendo rasgado a embalagem, despejou seu conteúdo numa panela de água fervente. Em seguida, agarrou a faca da bancada e começou a cortar as cenouras. O prato que estava cozinhando havia feito parte de toda a sua infância e consistia basicamente em massa, legumes e carne bovina.


— Não sei fazer muitas coisas, e uma das coisas que não sei é consolar alguém. Talvez porque nunca tenha sido consolado por outras pessoas… — De repente o riso sumiu e a voz ficou mais grave. — Mas espero de verdade que esse japchae possa dizer a você que, mesmo que a gente não se conheça há tanto tempo assim, você já tem uma cadeira reservada na mesa de jantar da minha família. Quero sempre estar aqui para você, como você se arriscou a estar aqui por mim.

Descrição

E se a superação da dor levar mais tempo que o esperado? Afinal, cada um tem seu próprio tempo de prantear. Ayla Vasconcellos está em meio ao processo de esperar que as feridas se tornem cicatrizes quando, inesperadamente, ocorre o esbarrão. Os óculos voando outra vez. Seria apenas coincidência o fato de Joon Hyuk, aquele coreano de olhos angulares e voz melodiosa, estar ali à sua frente, naquele exato segundo, numa universidade na Coreia do Sul? Ou algo mais profundo aguardava aqueles dois jovens que pertenciam a culturas tão distintas e que, no entanto, pareciam dividir as mesmas dores e as mesmas esperanças?

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Informação Adicional
Peso em Kg 0.2400
Autor Katluryn, Tatielle
Tradutor Não
Ano de EdiçãoAno de Edição Não
Editora Mundo Cristão
ISBN 9786559882991
Ano 2024
Edição 1
Origem Não
Formato Não
Encadernação Livro brochura (paperback)
Idioma Não
País BR
Páginas 224
Comprimento (cm) 13
Altura (cm) 20
Largura (cm) 11
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