“Um luto termina quando a perda se integra em uma cadeia de lutos que o precedeu e o tornou possível. Essa tarefa pode se afigurar terminável para alguns e infinita para outros.”
Ao longo da história, em diferentes tempos e sociedades, o luto tem sido um desafio literário, filosófico e ético. Mas ele é também uma tarefa prática que todos nós enfrentamos. Luto é o trabalho de recomposição, simbolização e subjetivação da perda, seja ela a perda de uma pessoa, seja o luto pela perda de um amor, de uma época de uma experiência de corpo ou até mesmo a perda de algo tão concreto como um emprego e tão abstrato como um sonho. Ao convocar memórias pessoais e estudos desenvolvidos sobre o tema, o psicanalista Christian Dunker promove uma leitura sensível e humanizadora do trabalho do luto.
Para o escritor e professor, trata-se de um processo individual e solitário, mas também coletivo e modelo para o trabalho de criação. O luto termina quando se interliga com outros lutos, próprios e alheios, que se reúnem em séries e cadeias, rearticulando-se e se transformando em percursos finitos e infinitos, envolvendo reparações e transformações passadas, mas também futuras.
Tendo em conta um novo modelo de luto, e fortemente baseado nas premissas teóricas da psicanálise e em exemplos clínicos entremeados com narrativas culturais, Lutos finitos e infinitos aborda um dos temas mais relevantes da contemporaneidade, pois “o luto não se resume à perda de uma pessoa amada, mas é uma espécie de paradigma genérico para pensar os destinos para a experiência humana da perda”. Resultado de uma imersão teórica e pessoal do autor no assunto após a morte de sua mãe, o livro já é considerado uma obra de referência.